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Se Houver Amanhã - Capítulo 1

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Mensagem por Humberto Lopes Dom Set 30, 2012 3:09 pm

Código:
Titulo original norte-americano:
IF TOMORROW COMES
Copyright © 1985 by Sheldon Literary Trust

Tradução de
A.B. PINHEIROS DE LEMOS
8ª EDIÇÃO
EDITORA RECORD

1
Nova Orleans
QUINTA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO ─ 23 HORAS
Ela despiu-se devagar, em devaneio; quando estava nua, escolheu um
negligê vermelho vivo para usar, a fim de que o sangue não aparecesse.
Doris Whitney olhou ao redor pela última vez, a fim de certificar-se de que
o quarto agradável, que tanto passara a amar ao longo dos últimos 30
anos, se encontrava arrumado e impecável. Abriu a gaveta da mesinha-decabeceira
e tirou a arma, com todo cuidado. Colocou-a ao lado do telefone e
discou para a filha em Filadélfia.
─ Tracy... senti vontade de repente de ouvir o som de sua voz,
querida.
─ Que surpresa boa, mamãe.
─ Espero não tê-la acordado.
─ E não acordou. Eu estava lendo. Aprontando-me para dormir.
Charles e eu íamos sair para jantar fora, mas o tempo está horrível. Neva
muito por aqui. Como está aí?
"Santo Deus, estamos falando sobre o tempo", pensou Doris Whitney,
"quando há tanta coisa que quero lhe dizer. E não posso".
─ Mamãe? Você ainda está aí?
Doris Whitney olhou pela janela.
─ Está chovendo.
E ela pensou: Como é melodramaticamente apropriado. Parece até um
filme de Alfred Hitchcock.
─ Que barulho é esse, mamãe?
Trovoada. Tão absorta em seus pensamentos, Doris Whitney
percebera. Nova Orleans sofria uma tempestade. Chuva contínua dissera o
homem da previsão do tempo. Dezenove graus em Nova Orleans. Ao cair da
noite haverá chuvas torrenciais, acompanhadas de trovoadas. Não se
esqueçam de sair com o guarda─ chuva. Ela não precisaria de um guardachuva.
─ É uma trovoada, Tracy. ─ Ela forçou um tom de jovialidade na voz.
─ Conte-me o que está acontecendo aí em Filadélfia.
─ Eu me sinto como uma princesa num conto de fadas mamãe.
Nunca imaginei que alguém pudesse ser tão feliz. E amanhã de noite
conhecerei os pais de Charles.
Ela engrossou a voz, como se estivesse fazendo uma proclamação
oficial, ao dizer:
─ Os Stanhopes, de Chestnut Hill. ─ Tracy soltou uma risada. ─ Eles
são uma instituição. Estou no maior nervosismo.
─ Não se preocupe. Tenho certeza de que eles vão adorá-la, querida.
─ Charles diz que não tem a menor importância. Ele me ama. E eu o
adoro. Mal posso esperar o momento em que você o conhecerá. Ele é
fantástico.
─ Tenho certeza que é mesmo. ─ Ela jamais conheceria Charles. Nem
teria um neto no colo. Não! Não devo pensar sobre isso. ─ Ele sabe como é
afortunado por tê-la, meu bem?
─ É o que estou sempre lhe dizendo. ─ Tracy sorriu. ─ Mas já chega
de falar a meu respeito. Conte-me o que está acontecendo por aí. Como se
sente?
Você goza de perfeita saúde, Doris, foram as palavras do Dr. Rush.
Viverá até os cem anos. Uma das pequenas ironias da vida.
─ Eu me sinto maravilhosa.
Falando com você.
─ Já tem um namorado? ─ indagou Tracy, meio zombeteira,
Desde que o pai de Tracy morrera, cinco anos antes, Doris Whitney
jamais sequer considerara a possibilidade de sair com outro homem,
apesar das exortações de Tracy.
─ Nada de namorados. ─ Ela mudou de assunto. ─ Como está o seu
trabalho? Ainda gostando?
─ Adorando. Charles não se incomoda que eu continue a trabalhar
depois de casarmos.
─ Isso é maravilhoso, meu bem. Ele parece ser um homem muito
compreensivo.
─ E é mesmo. Vai confirmar pessoalmente.
Houve uma trovoada mais alta, como uma deixa oportuna dos
bastidores. Estava na hora. Não havia mais nada a dizer, exceto uma
despedida final.
─ Adeus, minha querida.
Doris manteve a voz cuidadosamente firme.
─ Eu a verei no casamento, mamãe. Telefonarei assim que Charles e
eu marcarmos a data.
─ Está certo. ─ Havia uma última coisa a dizer, no final das contas. ─
Eu a amo muito, Tracy. Mas muito mesmo.
Lentamente, Doris Whitney repôs o telefone no gancho.
Ela pegou a arma. Só havia uma maneira de fazê-lo. Depressa. Ela
levantou a arma para a têmpora e puxou o gatilho.


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Humberto Lopes
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