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As Crônicas de gelo e fogo - Livro um- A guerra dos tronos - Bran (2)

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As Crônicas de gelo e fogo - Livro um- A guerra dos tronos - Bran (2) Empty As Crônicas de gelo e fogo - Livro um- A guerra dos tronos - Bran (2)

Mensagem por Humberto Lopes Seg Out 01, 2012 6:20 am

Bran

A manhã chegara límpida e fria, com uma aspereza que
sugeria o fim do verão. Partiram ao nascer do dia para ir ver
a decapitação de um homem, vinte ao todo, e Bran cavalgava
com os outros, nervoso e excitado. Fora a primeira vez que se
considerara que ele tinha idade suficiente para ir com o
senhor seu pai e os irmãos ver fazer-se a justiça do rei. Era o
nono ano de verão, e o sétimo da vida de Bran.
O homem tinha sido capturado no exterior de um pequeno
povoado nos montes. Robb pensava que se tratava de um
selvagem, com a espada a serviço de Mance Rayder, o Reipara-
lá-da-Muralha. Pensar nisso fazia a pele de Bran
formigar. Lembrava-se das histórias que a Velha Ama lhes
contava à lareira. Os selvagens eram homens cruéis, dizia,
escravagistas, assassinos e ladrões. Faziam amizade com
gigantes e vampiros, raptavam meninas pela calada da noite
e bebiam sangue por cornos polidos. E suas mulheres
deitavam-se com os Outros durante a Longa Noite e geravam
terríveis crianças meio humanas.
Mas o homem que encontraram amarrado pelos pés e mãos ao
muro do povoado, à espera da justiça real, era velho e
descarnado, não muito mais alto do que Robb. Perdera
ambas as orelhas e um dedo, queimados pelo frio, e vestia-se
todo de negro como um irmão da Patrulha da Noite, não
estivessem as peles esfarrapadas e besuntadas de gordura.
As respirações de homens e cavalos misturavam-se em nuvens
de vapor no ar frio da manhã quando o senhor seu pai
ordenou que cortassem as cordas que prendiam o homem ao
muro e o arrastassem até junto do grupo. Robb e Jon
sentavam-se, altos e imóveis sobre os cavalos, com Bran entre
eles, no seu pônei, tentando parecer ter mais do que os seus
sete anos, e fingindo que já assistira antes a tudo aquilo. Um
vento tênue soprava através do portão do povoado. Sobre
suas cabeças agitava-se o estandarte dos Stark de Winterfell:
um lobo gigante cinzento correndo por um campo branco de
gelo.
O pai de Bran sentava-se solenemente sobre o cavalo, com
longos cabelos castanhos a ondular ao vento. A barba bem
aparada estava salpicada de branco, fazendo-o parecer mais
velho do que os seus trinta e cinco anos. Hoje tinha uma
sombra severa sobre os olhos cinzentos, e parecia bem
diferente do homem que se sentava em frente ao fogo, à noite,
e falava suavemente da era dos heróis e das crianças da
floresta. Tirara a cara de pai, pensou Bran, e colocara a de
Lorde Stark de Winterfell.
Houve questões que foram postas e suas respostas dadas ali,
ao frio da manhã, mas, mais tarde, Bran não recordaria muito
do que fora dito. Por fim, o senhor seu pai deu uma ordem, e
dois dos seus guardas arrastaram o homem esfarrapado até o
toco de pau-ferro no centro da praça. Empurraram-lhe a
cabeça à força contra a madeira dura e negra. Lorde Eddard
Stark desmontou, e seu protegido, Theon Greyjoy,
apresentou-lhe a espada. Chamavam Gelo àquela espada. Era
larga como uma mão de homem e mais alta ainda do que
Robb. A lâmina era de aço valiriano, forjado com feitiços e
escuro como fumo. Nada mantinha o fio como o aço valiriano.
O pai de Bran descalçou as luvas e as entregou a Jory Cassei,
o capitão da guarda de sua casa. Pegou Gelo com ambas as
mãos e disse:
- Em nome de Robert da Casa Baratheon, o Primeiro do seu
Nome, rei dos Ândalos e dos Roinares e dos Primeiros
Homens, Senhor dos Sete Reinos e Protetor do Domínio, pela
voz de Eddard da Casa Stark, Senhor de Winterfell e
Guardião do Norte, condeno-o à morte -e ergueu a espada
bem alto sobre a cabeça.
O irmão bastardo de Bran, Jon Snow, aproximou-se.
- Mantenha rédea curta sobre o pônei - sussurrou. - E não
afaste os olhos. O pai saberá se assim fizer.
Bran manteve rédea curta sobre o pônei e não afastou os
olhos.
Seu pai cortou a cabeça do homem com um único golpe, dado
com segurança. O sangue borrifou a neve, tão vermelho como
vinho de verão,
Um dos cavalos empinou-se e teve de ser segurado para que
não fugisse. Bran não conseguia tirar os olhos do sangue. A
neve que rodeava o poste bebia-o com sofreguidão, ficando
cada vez mais vermelha enquanto ele observava.
A cabeça bateu numa raiz grossa e rolou. Parou perto dos pés
de Greyjoy. Theon era um jovem esguio e escuro de dezenove
anos que achava tudo divertido. Soltou uma gargalhada, pôs
a bota sobre a cabeça e deu-lhe um pontapé.
- Cretino - resmungou Jon, suficientemente baixo para que
Greyjoy não ouvisse. Pôs uma mão no ombro de Bran, que
olhava o irmão bastardo. - Esteve bem - disse-lhe Jon
solenemente. Jon tinha catorze anos, já era experiente na
justiça.
O tempo parecia mais frio durante a longa viagem de regresso
a Winterfell, embora o vento tivesse caído e o sol estivesse
mais alto no céu. Bran cavalgava junto aos irmãos, bem
adiantados em relação ao resto dos cavaleiros, com o pônei
esforçando-se ao máximo para acompanhar o ritmo dos
outros cavalos.
- O desertor morreu com bravura - disse Robb. Era grande e
largo e crescia dia a dia, com as cores da mãe, a pele clara, os
cabelos vermelho-acastanhados e os olhos azuis dos Tully de
Correrrio. - Tinha coragem, pelo menos.
- Não - disse Jon Snow calmamente. - Não era coragem. Este
estava morto de medo. Podia--se ver em seus olhos, Stark - os
de Jon eram de um cinzento tão escuro que pareciam quase
negros, mas pouco havia que não vissem. Tinha a mesma
idade que Robb, mas os dois não eram parecidos. Jon era
esguio e escuro, enquanto Robb era musculoso e claro; este
era gracioso e ligeiro; seu meio-irmão, forte e rápido.
Robb não estava impressionado.
- Que os Outros levem seus olhos - praguejou. - Ele morreu
bem. Fazemos uma corrida até a ponte?
- Fazemos - disse Jon, impulsionando o cavalo em frente.
Robb praguejou e seguiu-o, e galoparam pela trilha afora,
com Robb aos gritos e assobios, e Jon silencioso e
concentrado. Os cascos dos cavalos levantavam nuvens de
neve por onde passavam.
Bran não tentou segui-los. Seu pônei não era capaz de
acompanhá-los. Vira os olhos do homem esfarrapado, e
estava agora pensando neles. Após algum tempo, o som das
gargalhadas de Robb atenuou-se e os bosques ficaram
silenciosos novamente.
Estava tão embrenhado nos seus pensamentos que não ouviu
o resto do grupo, até que seu pai pôs o cavalo a par com sua
montaria.
- Está bem, Bran? - perguntou, não sem simpatia.
- Sim, pai - disse Bran. Olhou para cima. Envolto em peles e
couros, montado no grande cavalo de guerra, o senhor seu pai
pairava acima de si como um gigante. - Robb diz que o
homem morreu bravamente, mas Jon disse que ele tinha
medo.
- E o que pensa você? - perguntou-lhe o pai.
Bran refletiu sobre o assunto.
- Pode um homem continuar a ser valente se tiver medo?
- Esta é a única maneira de um homem ser valente - seu pai
respondeu. - Compreende por que o fiz?
- Ele era um selvagem - disse Bran. - Eles roubam mulheres e
vendem-nas aos Outros.
Seu pai sorriu.
- A Velha Ama tem andado outra vez a lhe contar histórias.
Na verdade, o homem era um insurreto, um desertor da
Patrulha da Noite. Ninguém pode ser mais perigoso. O
desertor sabe que sua vida está perdida se for capturado, e
por isso não vacilará perante nenhum crime, por mais vil que
seja. Mas você não me compreendeu bem. A pergunta não era
sobre o motivo por que o homem tinha de morrer, mas sim
por que eu tive de fazê-lo.
Bran não tinha resposta para aquilo.
- O rei Robert tem um carrasco - respondeu, em tom incerto.
- Tem - admitiu o pai. - E os reis Targaryen também tiveram
antes dele. Mas o nosso costume é o mais antigo. O sangue dos
Primeiros Homens ainda corre nas veias dos Stark, e mantemos
a crença de que o homem que dita a sentença deve
manejar a espada. Se tirar a vida de um homem, deve olhá-lo
nos olhos e ouvir suas últimas palavras. E se não conseguir
suportar fazê-lo, então talvez o homem não mereça morrer.
Um dia, Bran, será vassalo de Robb, mantendo um domínio
seu para o seu irmão e o seu rei, e a justiça caberá a você.
Quando esse dia chegar, não deve ter nenhum prazer na
tarefa, mas tampouco deverá desviar os olhos. Um
governante que se esconde atrás de executores pagos depressa
se esquece do que é a morte.
Foi então que Jon reapareceu sobre o cume da colina à frente
do grupo. Acenou e gritou-lhes:
- Pai, Bran, venham depressa ver o que Robb encontrou! - e
depois voltou a desaparecer. Jory pôs-se ao lado de Bran e do
pai.
- Problemas, senhor?
- Sem nenhuma dúvida - disse o senhor seu pai. - Vamos,
vamos ver que velhacaria desenterraram agora os meus filhos
- pôs o cavalo a trote. Jory, Bran e o resto do grupo seguiramno.
Encontraram Robb na margem do rio, ao norte da ponte,
com Jon ainda montado ao seu lado. As neves do fim do
verão tinham sido pesadas naquela volta da lua. Robb estava
enterrado em branco até os joelhos, com o capuz atirado para
trás, e o sol brilhava nos seus cabelos. Aconchegava alguma
coisa no braço enquanto os rapazes conversavam em vozes
excitadas, mas baixas.
Os cavaleiros escolheram o caminho com cuidado através dos
detritos empilhados pelo rio, tateando em busca de apoio
sólido no terreno escondido e irregular. Jory Cassel e Theon
Greyjoy foram os primeiros a chegar perto dos rapazes.
Greyjoy ria e gracejava enquanto se aproximava. Bran ouviu
o fôlego sair-lhe do peito.
- Deuses! - exclamou, lutando por manter o controle do cavalo
enquanto levava a mão à espada. A espada de Jory já estava
na mão.
- Robb, afaste-se disso! - gritou, enquanto o cavalo empinava
entre suas pernas.
Robb sorriu e ergueu o olhar do volume que tinha nos braços.
- Ela não lhe pode fazer mal - disse. - Está morta, Jory.
Por aquela altura, Bran já ardia de curiosidade. Teria
esporeado o pônei para avançar mais depressa, mas o pai os
fez desmontar junto à ponte e aproximar-se a pé. Bran saltou
do animal e correu.
Também Jon, Jory e Theon Greyjoy já tinham desmontado.
- O que, pelos sete infernos, é isso? - disse Greyjoy.
- Uma loba - disse Robb.
- Uma aberração - disse Greyjoy. - Olha o tamanho da coisa.
O coração de Bran martelava-lhe no peito enquanto abria
caminho através de uma pilha de detritos que lhe alcançava a
cintura, até que chegou ao lado do irmão.
Meio enterrada na neve manchada de sangue, uma forma
enorme atolava-se na morte. Em sua desgrenhada pelagem
cinzenta formara-se gelo, e um tênue cheiro de putrefação
impregnava-a como perfume de mulher. Bran viu de relance
os olhos cegos repletos de vermes, uma grande boca cheia de
dentes amarelados, Mas foi o tamanho da coisa que o fez ficar
de boca aberta. Era maior que seu pônei, com o dobro do
tamanho do maior cão de caça do canil de seu pai.
- Não é aberração nenhuma - disse Jon calmamente. - Isso é
uma loba gigante. Eles crescem mais do que os da outra
espécie.
Theon Greyjoy disse:
- Não é visto nenhum lobo gigante ao sul da Muralha há
duzentos anos.
- Vejo um agora - respondeu Jon.
Bran desviou os olhos do monstro. Foi então que reparou no
fardo que estava nos braços de Robb. Soltou um grito de
deleite e aproximou-se. O filhote era uma minúscula bola de
pelo cinza-escuro, ainda com os olhos fechados. Batia
cegamente com o focinho contra o peito de Robb, procurando
leite nos couros que o cobriam, soltando um pequeno som
lamentoso e triste, Bran estendeu uma mão hesitante.
- Vá lá - disse-lhe Robb, - Pode tocá-lo,
Bran fez um afago rápido e nervoso no filhote e depois se
virou quando Jon disse:
- Ora, veja aqui - seu meio-irmão pôs um segundo filhote nos
seus braços. - Há cinco ao todo - Bran sentou-se na neve e
abraçou a cria de lobo, encostando-a ao rosto. O pelo do
animal era suave e morno.
- Lobos gigantes à solta no reino depois de tantos anos -
murmurou Hullen, o mestre dos cavalos. - Não me agrada.
- É um sinal - disse Jory.
O pai franziu a sobrancelha.
- Isto é só um animal morto, Jory - disse, apesar de parecer
perturbado. A neve rangia sob seus pés enquanto passeava ao
redor do corpo. - Sabemos o que a matou?
- Há qualquer coisa na garganta - disse Robb, orgulhoso de
ter encontrado a resposta mesmo antes de o pai ter
perguntado. - Ali, por baixo da mandíbula.
O pai ajoelhou-se e tateou sob a cabeça do animal. Deu um
puxão e ergueu a coisa para que todos a vissem. Trinta
centímetros de um chifre estilhaçado de veado, com as pontas
partidas, todo vermelho de sangue. Um silêncio súbito caiu
sobre o grupo. Os homens olharam inquietos para o corno,
mas ninguém se atreveu a falar. Mesmo Bran pressentia seu
medo, embora não compreendesse.
O pai atirou o chifre para o lado e limpou as mãos na neve.
- Surpreende-me que ela tenha vivido tempo suficiente para
parir - disse, e sua voz quebrou o encantamento.
- Talvez não tenha - disse Jory. - Ouvi histórias... talvez a
loba já estivesse morta quando os filhotes chegaram.
- Nascidos com os mortos - interveio outro homem. - Pior
sorte.
- Não importa - disse Hullen. - Não tarda e estarão mortos
também. Bran soltou um grito inarticulado de desalento.
- Quanto mais depressa, melhor - concordou Theon Greyjoy e
puxou a espada. - Dê-me o animal, Bran.
A criaturinha enroscou-se nele, como se tivesse ouvido e
compreendido.
- Não! - gritou Bran ferozmente. - É meu.
- Guarda a espada, Greyjoy - disse Robb, que por um
momento soou tão autoritário como o pai, como o senhor que
viria a ser um dia. - Vamos ficar com esses filhotes.
- Não pode fazer isso, rapaz - disse Harwin, que era filho de
Hullen.
- Será misericordioso matá-los - disse Hullen.
Bran olhou o senhor seu pai em busca de salvação, mas só
recebeu um franzir de cenho, uma testa cheia de sulcos.
- Hullen fala a verdade, filho. É melhor uma morte rápida do
que uma lenta, de frio e de fome.
- Não! - sentia que lágrimas lhe brotavam dos olhos e afastouse.
Não queria chorar na frente do pai.
Robb resistia com teimosia.
- A cadela vermelha de Sor Rodrik pariu de novo na semana
passada - disse. - Foi uma ninhada pequena, só com dois
cachorros vivos. Ela terá leite suficiente.
- Ela os despedaçará quando tentarem mamar.
- Lorde Stark - disse Jon. Era estranho ouvi-lo chamar o pai
assim, de modo tão formal. Bran olhou-o com uma esperança
desesperada. - Há cinco crias. Três machos e duas fêmeas.
- E então, Jon?
- O senhor tem cinco filhos legítimos - disse Jon. - Três filhos e
duas filhas. O lobo gigante é o selo da vossa Casa. Os vossos
filhos estão destinados a ficar com essa ninhada, senhor.
Bran viu o rosto do pai mudar e os outros homens trocarem
olhares. Naquele momento, amou Jon de todo o coração.
Mesmo com seus sete anos, Bran compreendeu o que o irmão
fizera. A conta estava certa apenas porque Jon se omitira.
Incluíra as moças e até Rickon, o bebê, mas não o bastardo
que usava o apelido Snow, o nome que, pelo costume, devia
ser dado a todos aqueles que, no Norte, eram suficientemente
infelizes para não possuir um nome seu.
O pai também o compreendera.
- Não quer uma cria para você, Jon? - perguntou
brandamente.
- O lobo gigante honra os estandartes da Casa Stark - Jon
retrucou. - Eu não sou um Stark, pai.
O senhor seu pai o olhou, pensativo. Robb apressou-se a
preencher o silêncio que ele deixara.
- Cuidarei eu próprio dele, pai - prometeu. - Embeberei uma
toalha em leite morno e assim lhe darei de mamar.
- Eu também! - disse Bran num eco.
O senhor avaliou os filhos longa e cuidadosamente com os
olhos.
- É fácil dizer, mas é difícil fazer. Não quero vê-los
desperdiçando com isto o tempo dos criados. Se querem esses
filhotes, vocês os alimentarão. Entendido?
Bran acenou com ardor. O animal contorceu-se nos seus
braços e lambeu-lhe o rosto com uma língua morna.
- Devem treiná-los também - disse-lhes o pai. - Devem ensinálos.
O mestre do canil não vai querer ter nada a ver com esses
monstros, garanto a vocês. E que os deuses os protejam se
negligenciarem, maltratarem ou treinarem mal esses animais.
Esses não são cães que peçam festas ou se esquivem a um
pontapé. Um lobo gigante é capaz de arrancar o braço de um
homem com tanta facilidade como um cão mata uma
ratazana. Têm certeza de que querem isto?
- Sim, pai - disse Bran.
- Sim - concordou Robb.
- Os filhotes podem morrer de qualquer modo, apesar de tudo
o que fizerem.
- Eles não morrerão - disse Robb. - Não deixaremos que
morram.
- Fiquem então com eles, Jory, Desmond, recolham os
demais. É tempo de regressarmos a Winterfell.
Foi só depois de terem montado e de se terem posto a
caminho que Bran se permitiu saborear o doce ar da vitória.
Nessa altura, seu filhote estava aconchegado entre seus
couros, quente contra seu corpo, a salvo durante a longa
viagem para casa. Bran perguntava-se como haveria de
chamá-lo.
No meio da ponte, Jon puxou subitamente as rédeas.
- Que se passa, Jon? - perguntou o senhor seu pai.
- O senhor não ouviu?
Bran ouvia o vento nas árvores, o ruído dos cascos nas tábuas
de pau-ferro, os lamentos da cria faminta, mas Jon escutava
outra coisa.
- Ali - disse Jon. Fez o cavalo dar meia-volta e galopou pela
ponte, pelo caminho por onde viera. Viram-no desmontar
onde a loba gigante jazia morta na neve e ajoelhar-se. Um
momento mais tarde, cavalgava de regresso, sorrindo. - Deve
ter se afastado dos outros - ele disse.
- Ou sido afastado - disse o pai, olhando a sexta cria. A
pelagem desta era branca, enquanto a do resto da ninhada era
cinzenta. Seus olhos eram tão vermelhos como o sangue do
homem esfarrapado que morrera naquela manhã. Bran achou
curioso que só aquele cachorro tivesse aberto os olhos,
enquanto os outros ainda estavam cegos.
- Um albino - disse Theon Greyjoy com um perverso
divertimento. - Este ainda vai morrer mais depressa do que os
outros.
Jon Snow deitou sobre o protegido de seu pai um olhar longo
e gelado.
- Penso que não, Greyjoy - disse. - Este me pertence.
Humberto Lopes
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